Recentemente, a OAB Pernambuco definiu diretrizes para conteúdo patrocinado nas redes sociais de advogados e advogadas que atuam no estado. Segundo informações publicadas no site da OAB Pernambuco, a mesma salienta que,
“Em meio à tecnologia e à constante evolução da comunicação, a OAB Pernambuco determinou, por meio do seu Tribunal de Ética e Disciplina (TED), as diretrizes para a utilização da publicidade nas redes sociais dos advogados e advogadas inscritos no estado. Em reunião do Conselho Pleno do TED, o órgão decidiu por proibir o artifício de patrocinar páginas de escritórios ou perfis profissionais dos advogados e advogadas pernambucanos. O patrocínio de uma publicação na web consiste em aplicação financeira para destacar um produto ou serviço. Ou seja, quanto mais dinheiro se aplica, mais pessoas terão acesso ao conteúdo da página patrocinada. Diante disto, o Conselho Pleno do TED entendeu que esta prática acaba por forçar o cidadão a receber um conteúdo do qual não procurou espontaneamente. Além de apresentar clara desvantagem de um jovem advogado no início da caminhada profissional, por exemplo, se comparado a escritórios inseridos no mercado há muito tempo.”
Matéria completa neste link: https://oabpe.org.br/oab-pernambuco-define-diretrizes-para-conteudo-patrocinado-nas-redes-sociais-dos-advogados-e-advogadas-do-estado/
Em tempos em que o digital está em voga, uma restrição que foca justamente na publicidade online causa desconforto. Portanto, decidi escrever para compartilhar meu ponto de vista sobre o assunto.
O marketing digital preza por divulgação de conteúdo informativo e interessante a fim de gerar audiência e engajamento do público-alvo. Apesar de as pessoas virem a receber conteúdo pelo qual não procuraram, os anúncios acabam sendo uma oportunidade de receberem informação sobre direitos e sobre leis que afetam suas vidas. A qualidade e a criatividade das publicações patrocinadas podem elevar o alcance de um post, compensando assim a capacidade de investimento do profissional. Não é preciso investir valores altos para alcançar um número mais elevado de pessoas em uma publicação patrocinada, bem como um alto investimento não é garantia de engajamento.
Há pouco eu mesma patrocinei um post na minha página do Facebook aplicando apenas R$ 20,00 e alcancei 19.130 pessoas em menos de duas semanas. Patrocinar um post que retrata um conteúdo relevante para a sociedade e que ajude uma marca a prosperar trará bons resultados. Se o conteúdo do post for extremamente informativo, não vejo como uma mercantilização e sim como uma divulgação para alcançar outros públicos que nem sempre tem acesso aquela informação. No caso de uma publicação patrocinada sobre a Reforma Trabalhista, por exemplo, o post ajudaria muitas pessoas a entenderem as mudanças e ficarem atentas aos seus direitos. É importante salientar que o feed das redes sociais se tornou o principal recurso de informação de muitas pessoas, às vezes o único.
Sempre falo sobre a ética na profissão e sobre o respeito às restrições impostas no código de ética da OAB, porém, vivemos em uma nova era, onde a tecnologia e a inovação devem ser consideradas. Diariamente surgem no mercado mundial milhares de aplicativos para plataformas móveis. Atualmente, no Brasil mais de 116 milhões de pessoas estão conectadas à internet. Precisamos enxergar a tecnologia e as novas mídias como aliadas ao nosso desenvolvimento e crescimento pessoal e profissional. Independente da profissão, é necessário que as mesmas se adaptem às mudanças e à inovação. Sendo que no Brasil há mais de 1 milhão de advogados inscritos na Ordem dos Advogados, será que se o advogado não puder se diferenciar no mercado e desenvolver estratégias de marketing, o mesmo conseguirá ter bons resultados em sua carreira e conseguirá pagar as suas contas mensais? Hoje em dia além das especializações e amplo estudo, é importante desenvolver estratégias e abrir a mente para novas possibilidades.
O advogado autônomo possui muitos obstáculos pela frente, como em qualquer outra profissão. Ele precisa de uma carteira de clientes ativa, muitas vezes uma sede fixa, estagiários, equipamentos eletrônicos, meios de locomoção, site, cartões de visita, material de apresentação e roupas adequadas, pois é necessário passar uma imagem de seriedade e credibilidade. Será que somente com aindicação dos familiares, amigos e conhecidos este advogado vai conseguir se firmar no mercado, como um advogado autônomo?
Não são todos os advogados que conseguem se firmar em escritórios renomados do Brasil, pois os mesmos exigem um currículo extremamente qualificado e o advogado recém-formado precisa de uma oportunidade. Então, o que acontece? O advogado decide empreender e para empreender é necessário planejamento estratégico e visão mercadológica. E como o advogado vai definir suas ações estratégicas sem um bom posicionamento de marketing?
O código de ética permite algumas ações de marketing, desde que as mesmas não mercantilizem a profissão. Contudo, seria mercantilização uma publicação impulsionada contendo conteúdo informativo? Qual o problema de patrocinar um artigo sobre determinado assunto e levar esta informação para centenas de pessoas?
Vivemos ainda uma crise em nosso país. A taxa de desemprego no Brasil subiu para 13,1% no primeiro trimestre de 2018, segundo pesquisa do IBGE. Diante de tantos problemas na economia, por que o advogado não pode patrocinar um post nas redes sociais? O advogado também precisa se diferenciar no mercado, também precisa ganhar dinheiro e sustentar a sua família. Será que não está na hora de reverem os conceitos e atualizarem o pensamento de acordo com as mudanças vividas no meio digital?
Será que a tecnologia não pode ser uma aliada ao invés de ser um problema diante dos olhos de quem não aceita a mudança? Segundo pesquisa da Cisco Visual Networking Index (VNI) Global Mobile Data Traffic Forecast,até 2021, 78% de todo o tráfego mobile na internet será com vídeos, sendo que o tráfego de dados móveis cresceu 18 vezes nos últimos 5 anos. As pessoas passam muito tempo na internet e esse é um grande fator para investir em ações online.
Já pararam para pensar que quem não se atualizar vai ficar para trás? Não podemos mais fazer mais do mesmo, as constantes mudanças na tecnologia e novas mídias servem para melhorar o funcionamento do trabalho e garantir melhores resultados para os clientes. A gestão da mudança é algo que deve estar fixado na mente dos profissionais, independentemente da área de atuação. Isso deve servir para a advocacia também, pois não basta apenas o marketing de indicação. As redes sociais disponibilizam e possibilitam muitas estratégias e ferramentas gratuitas e pagas que podem ser vistas como aliadas. O retrocesso é algo muito sério, não podemos virar as costas para o crescimento. A inovação faz parte do processo da mudança, quem não muda não progride!
Maiara Trombini – Especialista em Marketing e Consultora de Marketing Estratégico e Marketing Jurídico. #marketingjurídico
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